Weekdays from 10am-1pm and 2pm-5pm
en

Retábulo das Almas

Serviu como modelo ao retábulo que lhe fica defronte (São Crispim e São Crispiniano), datando da mesma época 1721. Desconhece-se a autoria.

No período renascentista terá existido no mesmo local, segundo as visitações das igrejas algarvias, "... um retábulo de cinco painéis, (...)" ao centro "...uma imagem de Nossa Senhora, de vulto, de pau e sobre ela uma pomba com quatro estrelas." Painéis que hoje se encontram na igreja de Santiago da mesma cidade.

De tipologia pouco usual na talha algarvia, trata-se de um exemplar de corpo único composto por planta plana e um só tramo compreendido entre duas pilastras ricamente decoradas e que definem de grosso modo a estrutura arquitetónica do retábulo e que assentam diretamente nos pedestais e sotobanco.

Apesar de ter sofrido alterações face à sua estrutura original ainda é possível obter uma leitura do seu plano compositivo. Ao centro ergue-se o elemento mais importante, um painel com escultura em alto relevo com a representação do Resgate das Almas do Purgatório ou Juízo Final: No registo superior, na parte central, a figura de Jesus Cristo enquanto juiz, ladeado por dois grupos de eleitos, à direita Virgem Maria, Santa Luzia e outra santa mártir; à esquerda São João Baptista e outros santos; No registo intermédio, a imagem do Arcanjo São Miguel ladeado por dois anjos que tiram as almas do purgatório. Sobre o entablamento, ao centro, uma cartela com uma mão em relevo apontado para as letras do lema de S. Miguel: QSD (Quis Sicut Deus - trad. Quem Como Deus).

Toda a composição é pautada por um cenário de profusão de nuvens ondeantes e chamas atormentadoras onde ardem as almas, no registo inferior. A mesa de altar é em forma de urna, policromada a fingir marmoreados e é posterior ao retábulo (séc. XIX).