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Capela do Senhor dos Passos

A par das capelas góticas, trata-se da capela mais antiga pertencente a este templo religioso, remontando ao período medieval.

De acordo com as Visitações da Ordem de Santiago de 1534, esta capela já existia, pelo que se presume ter sido edificada durante a primeira metade do século XVI, mais precisamente entre 1518, data da primeira Visitação e 1534, ano em que é mencionada pela primeira vez. Terá sido erguida por encomenda do fidalgo Lançarote de Melo, comendador da ordem, para fins sepulcrais da família dos Melos.

O motivo que levara à construção desta capela por parte de Lançarote de Melo deve-se possivelmente ao facto de este acreditar que era aqui em Santa Maria do Castelo que estavam sepultados o Mestre do Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia, bem como os 7 Cavaleiros Mártires, procurando uma maior proximidade e identificação com estes símbolos de poder da Ordem de Santiago da Espada em Portugal.

A sua estrutura arquitetónica e decorativa enquadra-se no estilo Manuelino que é facilmente identificável pela presença da apelidada teia de aranhiço ou abóbada polinervada assente em mísulas e cujo 17 fechos/bocetes têm representados elementos heráldicos associados à família Melo, à ordem de Santiago e à ordem de Cristo.

É nos arranques das nervuras da abóboda que mais se fazem destacar a imaginária manuelina. De dragões a um cinto com fivela que nos remetem para os trabalhos escultóricos de Francisco e Diogo de Arruda que se podem encontrar, por exemplo no Convento de Cristo em Tomar ou na Fortaleza de Évora-Monte.

Pela proximidade com as praças do Norte de África, por onde andaram os irmãos Arruda é provável que Tavira tenha beneficiado da mão destes grandes mestres no legado espalhado pela cidade, ou hipoteticamente pela mão de um discípulo anónimo que rumando mais até ao sul, pode ter sido o responsável pela criação desta capela.

A sua originalidade foi quebrada pela introdução de painéis azulejares seiscentistas, policromados de azul e amarelo, nas paredes laterais, um retábulo barroco e por revestimentos pictóricos nos panos e nervuras da abóboda, remetendo para marmoreados e elementos vegetalistas, o que denota o gosto do barroco do séc. XVIII.

Possui na lateral direita um interessante óculo oval rendilhado em pedra ainda do período medieval.

Quanto ao retábulo do barroco nacional (primeira metade do séc. XVIII), que substitui um outro mais antigo em madeira, é totalmente policromado e dourado. De planta plana, é composto por sotobanco, que integra dois atlantes e as portas de acesso à tribuna, banco, composto por mísulas com meninos hercúleos, corpo único, três tramos com quatro colunas pseudo-salomónicas e ao centro a tribuna com a imagem do Senhor do Passos, que está ladeada pelas imagens de roca de Nossa Senhora da Soledade e S. João Evangelista. O ático é composto por arco abatido formado por duas arquivoltas salomónicas e ao centro uma cartela que era preenchida pelo anagrama de Maria, hoje sobreposto por três seta desenhadas alusivas ao atual orago.

Quanto à mesa de altar é posterior, possivelmente da centúria seguinte.