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Capela do Santíssimo Sacramento

Datada do século XVIII, apresenta a particularidade de nos revelar detalhes sobre a sua encomenda através de inscrição visível numa cartela azulejar sobre a parte interna do arco de entrada:

"Esta capella mandou fazer Dona Izabel de Almada Aragão, veuva de António Martins Carapeto capitão mor da villa de Cacella Mosso Fidalgo da camara do senhor Infante D. Francisco Anno 1748".

Apresenta um revestimento integral das paredes com azulejaria barroca, na cabeceira um retábulo neoclássico e a cobertura é composta por cúpula com zimbório, lanternim e algumas pinturas morais já degradas pelo tempo e identificadas mais recentemente como revelando motivos florais e frutas, representando a "abundância".

Quanto aos painéis azulejares da segunda metade do século XVIII do período joanino, que cobrem as paredes laterais da capela, caraterizam-se por impressionantes efeitos cenográficos em trompe l'oeil proporcionados por uma produção estereotipada e repetitiva invadida pela ornamentação e teatralidade que ocupam a totalidade do espaço disponível numa alusão ao horror vacui. As figuras distribuem-se em dois registos e compõem-se por quatro pequenas cenas e duas de maiores dimensões, representando diferentes cenas bíblicas do Antigoe Novo Testamento: No registo inferior destacam-se duas inscritas em molduras ovais profusamente esculpidas, ladeadas por anjos esvoaçantes. No lado do evangelho, a Apanha do Maná, alegoria ao "pão que desce do céu"; e Os Exploradores Trazendo o Cacho das Uvas da Terra de Caná, cujo simbologia é o vinho comungado durante a Última Ceia. No lado da epístola, a Ceifa do Trigo, como alusão ao pão - corpo de Cristo; Abraão e Melquisedeque, que adquire grande paralelismo com os gestos e os objetos da Última Ceia de Cristo.

No registo superior estão representados dois importantes cenários bíblicos: À esquerda a Última Ceia, perspetivada em ambiente palaciano; e à direita o Lava-Pés, igualmente pautado por um ambiente eloquente repleto de figurinos e adereços. Aqui vê-se Cristo, ajoelhado a lavar os pés a São Pedro.

Rematando toda a iconografia eucarística, sobre o entablamento que partindo do retábulo contorna as paredes laterais da capela, encontram-se representadas quatro figuras religiosas, duas de cada lado acompanhadas por anjos: No lado direito, São Dâmaso e São Fésforo. No lado esquerdo, São Dionísio e São Agatão.

Pela sua qualidade artística e periodização, possivelmente trata-se de uma empreitada da Oficina Lisboeta de Bartolomeu Antunes e Nicolau de Freitas.

Quanto ao retábulo, do século XIX, em estilo neoclássico e terá substituído um anterior possivelmente erguido na centúria anterior aquando da construção da capela e cujo feições se desconhece.

Esta opção de se erguer um retábulo eucarístico na nave lateral da igreja deve-se ao facto do primitivo retábulo-mor com essas funções ter sido modificado no dealbar do século XIX com a chegada da imagem de Nossa Senhora, convertendo-se num retábulo devocional.

De planta plana é composto por banco, corpo único, três tramos e ático.

Na sua base, a mesa de altar serve de túmulo ao Senhor Morto e nas ilhargas duas portinholas que dão acesso ao trono. No corpo, os tramos são definidos por colunas coríntias apoiadas em mísulas sobre pedestais. Ao centro um pequeno sacrário e sobre ele um trono piramidal em degraus para exposição do Santíssimo Sacramento no lausperene. O ático é composto por frontão curvo interrompido que alberga as imagens barrocas da (centro), Esperança (esquerda) e Caridade (direita). Toda a composição é trabalhada por falsos marmoreados em madeira e composta por singelos e pontuais ornatos.