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Capela da Paixão de Cristo

Trata-se da capela mais antiga pertencente ao primeiro templo medieval, à semelhança da epístola. Possui arco quebrado e cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas. Primitivamente detinha elegante janela em arco quebrado e retábulo dedicado a Jesus. Destacam-se os notáveis capitéis decorados com temas da flora regional (ramos de oliveira e arbustos de folhagem estreita), que ao contrário da capela de S. José refletem uma fase mais avançada do Gótico trecentista, de maior naturalismo. Salienta-se ainda, no formulário decorativo, a presença de um pequeno rosto assente na parte superior do chanfro de um pilar e que remete para a anterior imaginária do Românico, assumindo-se como a única representação figurativa que sobreviveu do período Gótico no interior da igreja.

A capela possui também na sua parede testeira o retábulo da Paixão que data da segunda metade do séc. XVIII.

O Retábulo da Paixão

Localiza-se na capela colateral desta igreja, no lado do evangelho. Exemplar rococó ao estilo Luis XV, data da segunda metade do séc. XVIII. É devocional a um só tema, a Paixão de Cristo, ocupa a totalidade da parede testeira da capela e insere-se na tipologia frequente de corpo único e três tramos com um par de colunas (salomónicas) e um par de pilastras. De madeira entalhada e pontualmente dourada apresenta planta em perspetiva convexa, composta por sotobanco, banco, corpo único e ático. No corpo apresenta um nicho central com uma imagem recente do Sagrado Coração de Maria, outrora devocional ao Sagrado Coração de Jesus. O ático compõe-se de segmentos de frontão curvo sobre as colunas, sobressaindo na parte central diversos símbolos da Paixão de Cristo. A mesa de altar abriga a imagem do Senhor Morto. Peça qua data de 1800? e tem a particularidade de ser articulada nos membros superiores de modo a ser convertida no Cristo crucificado.

D. Nuno Álvares Pereira (1360 - 1431) São Nuno de Santa Maria (Canonização a 26 de abril de 2009)

Conhecido como o "Santo Condestável", é através da Crónica do Condestabre de Portugal, de Fernão Lopes, que se conhecem as facetas de D. Nuno Álvares enquanto guerreiro do reino português nas batalhas em prol da independência.

De famílias fidalgas, não muito ricas, era filho do prior da Ordem do Hospital, Álvaro Gonçalves Pereira. Nascido a 24 de junho de 1360 em local ainda por apurar, celebrou o casamento aos 16 anos de idade com uma riquíssima viúva detentora de domínios na região Entre Douro e Minho, D. Leonor Alvim, do qual resultou o nascimento de uma única filha, D. Brites de Pereira.

A sua vida foi feita em prol de um Portugal independente.

Em 1384 era preocupante a situação vivida no país, ameaçado pelo poderio militar de Castela pois a maioria das praças do reino começavam a ser alvo das penetrações do exército castelhano. D. Nuno Álvares, ao serviço do Mestre de Avis (D. João I 1385-1433), é convocado para assumir a chefia dos territórios entre o Tejo e o Guadiana. Daqui em diante travaram-se várias batalhas sempre encabeçadas pela sua visão estratégica de guerra aliada à capacidade de planificar e de persuadir, mesmo em inferioridade numérica.

Conseguiu a primeira vitória a 6 de abril de 1384 usando a tática da disposição das tropas em quadrado, conjugada com a sua capacidade de persuasão.

A mais importante e célebre batalha deu-se a 14 de agosto de 1385 em Aljubarrota, onde incumbiu-se da organização estratégica do exército mais uma vez incomparavelmente menos numeroso (na proporção 1 para 4) mas com determinação e confiança, que o levou como sempre à vitória.

Destaca-se por ter sido personagem emblemática no panorama militar português no século XIV, com vida repleta de grandes acontecimentos gloriosos ao serviço da coroa portuguesa. Guerreiro de profissão, foi chefe hábil, taticamente informado e criativo, detentor de fortuna, mas que viveu a fase final da sua vida humilde e pobremente no Convento da Ordem dos Carmelitas em Lisboa. Local que mandou edificar e para o qual se deslocou em 1421, onde viera igualmente a falecer 10 anos depois.

Está ligado a Tavira, não só pela sua imagem mítica em todo o país, mas também porque foi ao seu irmão Fernando Álvares Pereira a quem D. João I deu o Reguengo de Tavira em 1385. Em setembro de 1415, após a conquista de Ceuta, desembarcaram em Tavira D. João I acompanhado de D. Nuno Álvares Pereira.

Esta imagem, de madeira, foi esculpida em 1943 tendo saído à rua na procissão que acompanhou as Relíquias de São Nuno de Santa Maria no dia 14 de junho de 1961 quando estas passaram por Tavira.

Sob a imagem de D. Nuno Álvares Pereira acha-se lavrada em pedra a seguinte inscrição:

"Em louvor do Santíssimo Sacramento de I.H.S. e de Maria Santíssima mandou fazer este santuário o padre Rodrigues de Castro sendo reitor d'esta Santíssima Irmandade no anno de 1658 e que á sua custa o fez".