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Capela Batismal

A capela foi construída após o terremoto de 1755, aquando da reconstrução promovida pelo Bispo do Algarve e Francisco Fabri, a partir 1790.

No seu interior, um retábulo neoclássico, escultura e pintura com características da centúria anterior.

Quanto ao retábulo de feições puramente neoclássicas, compõe-se de linhas puras e rigor arquitetónico que contrapõem com dinamismo do barroco e rococó.

Terá sido executado após 1816 pelo Mestre entalhador José Romeira, podendo ter influência do arquiteto da igreja neoclássica, Francisco Xavier Fabri, que estava intimamente ligado ao gosto do Bispo D. Francisco Gomes do Avelar e que dirige a introdução do novo estilo artístico em Portugal.

De madeira policromada a imitar marmoreados em toda a sua composição, apresenta planta convexa, banqueta, banco, corpo único e um só tramo com dois pares de colunas com fuste liso e capitéis compósitos, entablamento e frontão triangular restrito às duas colunas internas com urna no vértice e nas ilhargas.

Todo o conjunto, apesar de nobre denota as opções económicas da época que limitam os materiais e propagam-se os fingidos.

Assunção de Nossa Senhora

Quanto à pintura, no tramo central do retábulo, está hoje colocada uma tela de dimensões médias, mas proporcional ao mesmo onde se insere. Esta obra apresenta uma composição dinâmica, numa paleta cromática muito clara, onde os elementos surgem de forma teatral e expressiva dispostos a partir da base, orientando o olhar para o seu ponto fulcral - A Virgem em assunção, denotando-se em todas estas características o alinhamento do seu autor pelos princípios estéticos do Barroco italiano.

Apesar de não se ter a certeza quanto à sua encomenda, que pode ter passado pelo Bispo D. Francisco Gomes do Avelar, homem de grande cultura e apreciador da arte italiana, ou ainda de D. Isabel de Almada Aragão ou o seu marido, promotores da Capela do Santíssimo e com ligações à corte, a autoria é certamente de Corrado Giaquinto (1703-1756), hipótese levantada inicialmente por José António Pinheiro e Rosa e corroborada posteriormente pelo historiador Vitor Serrão e terá sido executada na primeira metade do séc. XVIII.

É sem dúvida um dos mais importantes pintores italianos que executou telas para várias igrejas durante o reinado de D. João V e um dos mais acarinhados em Portugal à época.

Este quadro terá funcionado como modelo para a possível realização de um grande quadro, do mesmo tema, não se possuindo qualquer conhecimento da existência do mesmo ou se quer se tenha vindo a ser realizado. Por outro lado, terá sido inspirado por um outro do mesmo autor que se encontra no Museu Soares do Reis (Porto) e que representa Hércules dominando a Hidra. Embora de temas diferenciados é possível encontrar elementos consonantes.

Nossa Senhora da Escalera

No lado direito da capela ergue-se uma outra pintura hispânico-americana, Nossa Senhora da Escalera, representada aqui pela Nossa Senhora do Leite. Trata-se de um ex-voto, uma espécie de dádiva concedida pelo fiel a um santo de devoção em consagração, renovação ou agradecimento de uma promessa. Data da segunda metade do séc. XVIII (1753) e é da autoria do pintor inglês Joseph Deslobes.

Estamos perante uma cópia de outro quadro existente na igreja de Rota (Andaluzia, Espanha).

As figuras da Virgem e do menino assumem um papel central, sobre as quais surge um monograma da Ordem dos Mercedários e a partir do qual se desenvolve toda uma representação teatral, com cortinas e ornatos, semelhante a um pequeno retábulo em talha dourada, mas em pintura decorativa. As personagens apresentam um alinhamento distinto, sendo que a imagem de Nossa Senhora reflete uma conotação de austeridade pictórica e o Menino um maior dinamismo e expressividade. A obra está repintada pelo que é de esperar adulterações face ao modelo original que denotaria uma maior proximidade da pintura com a escola espanhola dos seiscentos.